Mário Quintana
OTTO LARA
REZENDE
... De tanto
ver, a gente banaliza o olhar... Vê não-vendo...
Experimente
ver pela primeira vez o que você vê todo dia, sem ver...
Parece fácil,
mas não é...
O que nos
cerca, o que nos é familiar, já não desperta curiosidade...
O campo visual
da nossa rotina é como um vazio...
Você sai todo dia,
por exemplo, pela mesma porta...
Se alguém lhe
perguntar o que você vê no seu caminho, você não sabe...
De tanto ver,
você não vê...
[...]
O hábito suja
os olhos e lhes baixa a voltagem...
Mas há sempre
o que ver...
Gente, coisas,
bichos...
E vemos?
Não, não
vemos...
Uma criança vê
o que um adulto não vê...
Tem olhos
atentos e limpos para o espetáculo do mundo...
O poeta é
capaz de ver pela primeira vez o que, de tão visto, ninguém vê...
Há pai que
nunca viu o próprio filho...
Marido que
nunca viu a própria mulher (e desconhece os seus segredos e desejos), isso
existe às pampas...
Nossos olhos
se gastam no dia-a-dia, opacos...
É por aí que
se instala no coração o monstro da indiferença...
-
Escutar uma música, continuar de olhos vendados até terminar.
- Fazer comentários sobre o
poema destacando que a partir dele podemos perceber a amplitude do sentido da
visão, e que ver não é somente enxergar, mas concomitantemente, sentir algo,
que dá significado e vida ao que se está vendo.
Inhotim - museu a céu aberto em Brumadinho-MG |
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